sexta-feira, 1 de maio de 2015

10 Melhores Discos Pernambucanos


Toda lista de "melhores alguma coisa" é um tanto injusta. Sempre fica alguém muito querido de fora e algo sempre é questionado ou refutado. E isso se agrava diante da música pernambucana, uma instituição cultural tão rica e diversificada. Mas enfim, em mais de cem anos de produção fonográfica local, quais serão os melhores discos já produzidos por artistas pernambucanos? A lista avalia não somente a qualidade musical dos discos, mas também sua repercussão e importância no cenário musical nacional. Enfim, aí vai!

10 - Sa Grama (1998) - Sa Grama

O grupo Sa Grama foi Idealizado para difundir a música popular através de uma linguagem erudita. O grupo foi criado pelo compositor e flautista Sérgio Campelo, em 1995, no Conservatório Pernambucano de Música. Seu disco de estreia, Sa Grama, mostra bem para o que veio: formação instrumental acústica e  influências do Movimento Armorial e de ritmos tradicionais do Nordeste como frevo, baião, caboclinho e maracatu. As gravações ocorreram no estúdio do Conservatório Pernambucano de Música, sob direção musical do próprio Sérgio Campelo. O disco tem uma musicalidade tão envolvente que chamou atenção dos produtores da Globo que estavam desenvolvendo a minissérie "O Auto da Compadecida", inspirada na obra de Ariano Suassuna. O Sa Grama acabou por fazer a trilha sonora da produção, que contou com músicas inéditas feitas especialmente para a série e outras reaproveitadas do seu primeiro disco e do seu segundo disco, "Engenho" (1999). Por ser um disco que marca um momento ímpar na música instrumental pernambucana, "Sa Grama" é o 10º melhor disco pernambucano.

09 - Passo de Anjo (2004) - Spok Frevo Orquestra

O frevo no início dos anos 2000 passava por um momento delicado. O ritmo amargava um grande período de monotonia. Há anos nada de novo tinha sido lançado e o ritmo estava um tanto desgastado, algo natural diante de décadas sem uma verdadeira oxigenação. Tudo mudou com "Passo de Anjo". O disco marca o renascimento do frevo para os pernambucanos. Com claras influências de Jazz, a Spok Frevo reensinou aos pernambucanos o gosto pelo frevo e trouxe de volta aos palcos do mundo o ritmo mais famoso do Estado. Por sua qualidade musical ímpar e, mais importante, resgatar o gosto do pernambucano pelo Frevo, "Passo de Anjo" é o 9º Melhor Disco pernambucano.

08 - Lunário Perpétuo (2002) - Antônio Nóbrega

Antônio Nóbrega já tinha alguns anos de estrada quando gravou este disco. "Lunário Perpétuo" é mais do que um simples CD de músicas. Traz, a quem ouve, claros elementos teatrais e poéticos, como já se esperaria de um multiartista como Antônio Nóbrega, que neste disco une  a arte popular ao erudito com bom gosto e sofisticação. "Lunário Perpétuo" foi idealizado para contar o romance de Riobaldo e Diadorim, baseado na obra "Grande Sertão: Veredas", do escritor Guimarães Rosa. Pela beleza, sonoridade e poesia, este é o nosso 8º melhor disco

07 - Cordel do Fogo Encantado (2001) - Cordel do Fogo Encantado

De Arcoverde para o mundo, Cordel do Fogo Encantado é o primeiro disco da banda de nome homônimo. O disco já tinha tudo para dar certo, a começar pela produção, que ficou por conta do grande instrumentista Naná Vasconcelos. Nascido das peças teatrais, o álbum traz poesia mesclada à música, que gera uma sonoridade única. As influências do Coco de Arcoverde, da música africana e do Mangue Beat se somam à teatralidade de seu vocalista Lirinha, criando um verdadeiro ritual de som e arte. O disco "Cordel do Fogo Encantado" foi uma das coisas mais diferentes e impressionantes que já surgiram em território pernambucano e, por tal razão, chega a nossa 7ª posição.

06 - Inclinações Musicais (1981) - Geraldo Azevedo

Geraldo Azevedo, o Geraldinho, é sem sombras de dúvidas um dos melhores artistas pernambucanos. Um violonista de mão cheia e um grande compositor, já embalou amores, felicidades e tristezas de muita gente. Toda sua genialidade chega ao ápice no seu disco "Inclinações Musicais" no qual arrebatou alguns de seus maiores sucessos como "Canta Coração", "Dia Branco", "Coqueiros" e "Moça Bonita". Do começo ao fim, o disco é um prato cheio para os ouvidos, nos transportando a um momento único na carreira de um grande mestre pernambucano. É o nosso 6º Lugar

05 - Olho de Peixe (1994) - Lenine & Suzano

Olho de Peixe é o segundo álbum de estúdio lançado pelo cantor e compositor pernambucano Lenine em parceria com o percussionista Marcos Suzano, em 1994. Instrumentalmente, o disco se estabelece com violões e instrumentos de percussão. O resultado são músicas suaves e relaxantes, feitas pra se ouvir com ventos nos cabelos e fones nos ouvidos. De acordo com o próprio Lenine, Olho de Peixe foi o álbum mais importante de sua carreira. Nós concordamos, afinal, foi com esse disco que Lenine lançou grandes sucessos como "Miragem do Porto", "O último pôr do Sol" e o quase segundo hino de Pernambuco, "Leão do Norte". Parte das músicas desse disco foram usadas na minissérie da Globo "Caramuru, a Invenção do Brasil". Por fazerem um disco brilhante e, infelizmente, muito difícil de se achar, Lenine e Suzano marcam o quinto lugar.

04 - Vivo! (1971) - Alceu Valença

O Rei do Carnaval pernambucano teve um passado bem Rock and Roll. "Vivo!" é um disco cru e denso, totalmente diferente da discografia de Alceu que surgiria dali pra frente. Nele você não encontrará os maiores sucessos de sua carreira, mas se encontrará com um Alceu tresloucado e envolvido profundamente com sua música. Gravado ao vivo no Teatro Tereza Rachel, no Rio de Janeiro,  o disco tem uma captação de áudio extremamente amadora para os padrões atuais. Ruídos e problemas de equalização são recorrentes, mas nada disso prejudica a sonoridade do disco, pelo contrário, ainda dá um maior ar de crueza e espontaneidade ao que se ouve. Na época, inclusive, Valença precisou sair às ruas com o flautista Zé da Flauta para divulgar os shows. E valeu a pena. Vivo! é o quarto melhor disco pernambucano.


03 - Carnaval de Capiba (1959-1974) - Claudionor Germano

Lourenço da Fonseca Barbosa, o Capiba, é simplesmente o compositor mais importante da História pernambucana. As suas canções estão profundamente enraizadas na cultura nordestina e influenciaram de tudo que se possa imaginar já criado dentro e fora dessa região: Brega, Tropicália ou Mangue Beat, todos devem um pouquinho ao mestre Capiba.  As mais importantes canções de Capiba estão reunidas em uma série de discos intitulada "Carnaval de Capiba", interpretadas por Claudionor Germano, o maior e mais respeitado cantor de Frevos. A série de discos "Carnaval de Capiba" chega em nosso terceiro lugar.

02 - Pisa no Pilão (Festa do Milho) (1964) - Luiz Gonzaga

A maior voz Nordestina fez um disco irretocável na década de 60. "Pisa no Pilão" está longe de ser o disco mais popular de Gonzagão, mas é o seu disco melhor construído. Elaborado sob o tema inicial do São João, Luiz Gonzaga fez um retrato fiel da cultura e dos costumes sertanejos. Ouvir o disco é quase como enxergar o cenário do sertão nordestino, tamanha é a riqueza verbal e sonora deste álbum.

01 - Da Lama ao Caos (1994) - Chico Science e Nação Zumbi


Nada já produzido no mercado mundial da música se compara ao que Chico Science e a Nação Zumbi fizeram neste disco. Um som jamais escutado, com influências do Funk, Rock, Embolada, Maracatu, Psicodelia e Música Afro. Resultou em uma música revolucionária que inaugurou um novo jeito de fazer música. O disco também é responsável por lançar para o mundo o movimento do Mangue Beat. Inicialmente, a crítica especializada não conseguiu entender direito o que estava escutando, afinal, o disco é extremamente mixado e remexido, com riffs de guitarra pesada misturados com tambores de maracatu e um vocal quase falado de Chico Csience. Mesmo sem inicialmente agradar a todos, o álbum se tornou um marco na música brasieira. "Da lama ao Caos" é tão importante que influenciou profundamente tudo o que viria a ser produzido no cenário do Rock nacional nas décadas seguintes e, por essa razão, é o melhor disco pernambucano já produzido. 

Um comentário:

  1. Gostei muito da lista, me daria ao luxo de acrescentar o primeiro disco do Ave Sangria, sob mesmo nome. Grande abraço.

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