Ontem o prêmio máximo do cinema, O Oscar, foi entregue no
famoso Dolby Theater em Los Angeles. Os Oscars aconteceram em uma noite
marcada pelas críticas raciais e por uma avalanche de prêmios para o
blockbuster de ação “Mad Max”. A seguir destacamos o melhor e o pior da noite
de ontem
O MELHOR DO OSCAR
LEONARDO DICAPRIO
O momento mais esperado deste ano
não foi saber quem levaria o melhor filme, mas sim se Leonardo DiCaprio
finalmente venceria seu Oscar. Espertamente, a Academia de Cinema deixou esse
prêmio para o último bloco, fazendo com que o público tivesse que assistir a
premiação até o final para descobrir se ele ganharia. Para felicidade
geral, ele ganhou e ainda fez um discurso conscientizando sobre os perigos do
aquecimento global.
IÑARRITU
Há discussões se Iñarritu, de “O
Regresso”, deveria ter sido eleito o melhor diretor pelo segundo ano
consecutivo. Havia quem defendesse George Miller, de “Mad Max”, como melhor
diretor. O fato é que o discurso de aceitação de Iñarritu foi um dos melhores
da noite. Em meio a polêmica racial em Hollywood, o diretor mexicano disparou: “Há
uma frase no filme 'O Regresso' que diz que as pessoas não escutam você quando
veem a cor da sua pele. Então, que grande oportunidade para nossa geração de
realmente nos libertarmos de todo preconceito e dessa forma de pensar, e termos
certeza, de uma vez por todas e para sempre, de que a cor da pele é tão
irrelevante quanto o comprimento do cabelo.”
CHRIS ROCK
Chris Rock fez um excelente monólogo
de abertura com uma crítica aberta à hipocrisia racial no cinema americano. Hollywood,
em sua maioria composta por liberais de esquerda, visivelmente não coloca em
prática aquilo que defende, excluindo das suas produções mais relevantes atores
e atrizes negros. A reação da plateia
foi impagável: sorrisos amarelos e palmas contidas. Rock também pontuou que nem sempre tudo é racismo ou machismo e que há, por vezes, exageros dos
movimentos sociais. Na internet, Rock recebeu críticas por esta parte do seu
discurso.
JACOB TRAMBLEY
Mesmo sem ser indicado à
categoria de Ator Coadjuvante, o pequeno Jacob Trambley de “O Quarto de Jack”
roubou a cena no Oscar. Usando meias do Darth Vader e pinos da Millenium
Falcon, Trambley abriu um grande sorriso ao ver R2-D2, BB-8 e C3PO no palco do
Dolby Theater. Já no tapete vermelho deu um show de simpatia e perspicácia. Ao
ser perguntado por um repórter como era estar no Oscar de sua perspectiva, ele
respondeu: “Vejo muitas pernas”.
LADY GAGA
Lady Gaga fez a melhor
apresentação musical da noite. Gaga foi chamada ao palco pelo vice-presidente
americano para cantar a forte canção “Till it Happens to You”, escrita para o
documentário “The Hunting Ground” sobre estupros em universidades americanas. A
apresentação foi emocionante, contou com a participação de vítimas de estupro e tirou lágrimas da plateia. Lamentavelmente Gaga
não levou o prêmio, que foi dada à terrível canção “Writings on the Wall” que
Sam Smith escreveu para o filme de James Bond, “Spectre”.
FIGURINO
Finalmente o Oscar fugiu do óbvio
e premiou a criatividade. Depois de anos premiando o luxo de produções de
época, o Oscar resolveu inovar e premiar a criatividade dos figurinos de Mad
Max. Ponto positivo para a Academia.
MAD MAX
Mad Max foi consagrado como um
dos grandes filmes do ano, vencendo seis prêmios. Totalmente merecido. Ponto
positivo para a Academia
EX-MACHINA
O pequeno filme Ex-Machina
encontrou redenção na noite de ontem. Quase ninguém viu um dos filmes mais
interessantes do ano passado que, com efeitos visuais espetaculares, convence o
público que Alicia Vinkander é de fato um robô. Mais um ponto positivo para a
Academia.
ROTEIRISTAS DE A GRANDE APOSTA
Os roteiristas do filme que conta
o colapso da economia americana pediram que, para evitar outra crise, os
americanos parassem de votar em candidatos que aceitam dinheiro de bancos e
empresas de Wall Street. Uma crítica direta à candidata a presidência Hilary
Clinton e uma propaganda a favor do candidato Bernie Sanders, que não aceitou
tal doações.
O PIOR DO OSCAR
SAM SMITH X LADY GAGA
Depois da emocionante
apresentação de Lady Gaga, o Oscar vai para: SAM SMITH? Como Assim? Apesar de
ser um grande artista, Sam Smith não merecia ter levado o prêmio de melhor
canção. Depois das apresentações ao vivo, ficou claro para o público a grande
superioridade da canção de Gaga frente à de Smith. O cantor ainda cometeu a gafe de dizer numa entrevista que era o primeiro Gay a vencer um Oscar. Ele está errado. Dustin Lance Black, que é abertamente gay, já havia ganho por seu roteiro de Milk. Errou Smith e errou a Academia.
SYLVESTER STALLONE
A academia tinha a chance de se
redimir com um grande ator e um gênio do cinema mal compreendido. Stallone
ganhou todos os prêmios que viu pela frente por sua participação como Rocky
Balboa no filme “Creed”. A academia não concordou com as outras premiações e manteve seu grande preconceito contra o
trabalho de Stallone premiando a razoável atuação de Mark Rylance no péssimo
filme “Ponte de Espiões”, dirigido por Steven Spielberg. Errou a Academia.
ORQUESTRA NO AGRADECIMENTO
Foi terível a decisão de reduzir
o tempo dos agradecimentos. No meio das falas os artistas eram deselegantemente
interrompidos pela orquestra que tocava uma música para expulsá-los do palco.
Muito Feio!
SPOTLIGHT
Melhor filme é Spotlight? Como
assim? Spotlight não é ruim mas está longe de ser excelente. Obviamente o
estupro de crianças por padres católicos é algo muito relevante e que, de fato,
precisava ser explicitamente combatido pelo cinema. O problema é que o filme
está longe de ser uma obra prima. Spotlight tem um brilhante elenco, porém é repetitivo
e às vezes entediante. A superioridade técnica de “O Regresso” era visivel e “Mad
Max” nem se fala. O prêmio foi dado à Spotlight mais por questões políticas do
que de fato por suas qualidades técnicas. Errou a Academia.
PRÊMIO CHATO
Ao contrário de outros excelentes
prêmios, como o Globo de Ouro, o Oscar está cada vez mais chato, monótono e
entediante. Não há suspense, pouco envolvimento com os convidados e o excesso
de comercias atrapalham a fluidez do evento. Precisam repensar a forma como o
prêmio é apresentado na televisão.