Algo está faltando nos indicados
ao Oscar deste ano: Negros. Todos os indicados às premiações de Melhor Ator,
Melhor Atriz, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Atriz Coadjuvante são brancos. Não
há também latinos, indígenas ou asiáticos. Apenas atores e atrizes brancos. É
a segunda vez consecutiva que apenas caucasianos são indicados nas categorias de atuação. E não
foi por falta de talento ou de filmes com atrizes e atores de outras etnias. Will
Smith fez um ótimo trabalho em “Um Homem Entre Gigantes”, o que lhe rendeu até uma
indicação ao Globo de Ouro; Michael B. Jordan emocionou o público com seu forte
desempenho como filho de Apolo Creed. Grandes performances de atores negros também
puderam ser vistas no sucesso “Straight Outta Compton”, que conta os
bastidores do Hip-Hop americano, mas que não foi lembrado em nenhuma categoria
de atuação pela Academia de Cinema. Entretanto, a ausência mais surpreendente é
do ator britânico Idris Elba, mais conhecido pelo seu papel na série “Luther”.
Elba fez uma atuação irretocável no chocante filme “Beasts of no Nation”, em
que interpretou um líder de um exército de crianças na África. “Beasts of no
Nation”, um filme com um elenco totalmente negro, também não recebeu nenhuma outra
indicação ao Oscar. Não recebeu indicações pelo roteiro, pela edição e muito
menos foi indicado a melhor filme do ano. Ao contrário do Oscar, outras grandes
premiações de Hollywood, como o Globo de Ouro, SAG Awards e os Critics Choice
Awards, indicaram “Beasts” em diversas categorias. A ausência de atores e de filmes
que abordam temas pertinentes a uma sociedade com diversidade étnica causou revolta entre
grandes estrelas de Hollywood, que em protesto prometeram um boicote ao Oscar
deste ano.
Jada Pinkett Smith, esposa de
Will Smith, foi uma das primeiras a se pronunciar e iniciou uma campanha pelo boicote à premiação deste ano: “No Oscar, negros
são bem vindos para entregar prêmios e entreter. Mas nós raramente somos
reconhecidos pelo nosso sucesso artístico”.
O aclamado diretor Spike Lee
também se pronunciou: “Nós não podemos concordar com isso (...) como é possível
que pelo segundo ano seguido todos os 20 concorrentes na categoria de melhor Ator
são brancos? 40 atores brancos em 2 anos e nenhum negro? Não podemos ficar
parados!”
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George Clooney também fez questão
de protestar: “Se você voltar 10 anos, a Academia de Cinema estava fazendo um
trabalho melhor. Pense em quantos atores negros foram indicados lá trás.”
Lupita Nyong’o, que ganhou o
Oscar em 2014 por “12 Anos de Escravidão”, também se pronunciou: “Estou
desapontada com a falta de inclusão no Oscar deste ano. Penso sobre o
preconceito inconsciente em nossa cultura. Os prêmios não devem ditar os termos
da arte em nossa sociedade moderna, mas sim ser um reflexo diversificado do que
há de melhor em nossa arte.”
Até mesmo a presidente da
Academia de Cinema, Cheryl Boone Isaacs, protestou sobre a falta de diversidade
étnica na premiação e prometeu mudanças para as premiações dos anos seguintes. “Eu
gostaria de agradecer a maravilhosa obra dos indicados deste ano (...) Enquanto
celebramos suas realizações extraordinárias, eu fico de coração partido e
frustrada com a falta de inclusão. Esta é uma conversa difícil, mas importante,
e chegou a hora de grandes mudanças. A Academia tomará medidas drásticas para
alterar a composição dos nossos membros. Nos próximos dias e semanas vamos
realizar uma análise do nosso recrutamento de sócios a fim de trazer uma maior diversidade
de 2016 em diante.”
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